Secretaria de Estado do Turismo

O sucesso do Guia Manezinho: a arte de contar histórias que conquistou o Traveller’s Choice Awards 2024

Guia Manézinho

Fotos: Arquivo Rodrigo Stüpp

O Walking Tour Guia Manezinho recebeu o selo Traveller ‘s Choice Awards 2024, da TripAdvisor, no setor de experiências turísticas com melhores avaliações e pontuações em 12 meses. A premiação, realizada anualmente, reconhece a excelência em serviços, como hoteis, atrações, restaurantes, e apenas 1% das empresas do mundo têm esse reconhecimento. 

Criado em 2016 pelo guia de turismo, jornalista e empresário Rodrigo Stüpp, o walking tour apresenta Florianópolis àqueles que buscam conhecer e valorizar as histórias e culturas da Ilha da Magia. A ideia de produzir o Guia Manezinho surgiu depois de Rodrigo perceber que essas histórias não eram contadas de maneira que as valorizasse. Assim, concluiu um curso de guia de turismo e uniu esses conhecimentos com a sua habilidade como comunicador de saber narrar histórias. “Desde o início, me concentrei nessa necessidade de criar um bom storytelling, e a forma de monetizar isso vem dos walking tours que já existem na Europa desde os anos 90. Mas eu busquei ter um formato um pouquinho menos turista e que tivesse mais identidade, que falasse de coisas que tocavam tanto os manezinhos quanto os visitantes. E é por isso que esse trabalho também foi se diferenciando”, conta Rodrigo

O empresário possui cerca de 20 roteiros — sendo  a maior parte caminhando, com algumas exceções de barco —, que foram desenvolvidos de acordo com as demandas e necessidades que são observadas. Rodrigo busca melhorar seu walking tour constantemente, atentando-se às reações e falas dos participantes para oferecer um produto cada vez mais único. “Comecei o projeto defendendo a ideia de que um guia de turismo moderno não tem que ser só um repetidor de datas e de informações, ele também precisa usar de muitas áreas para conseguir se posicionar e encantar as pessoas. Encantar no sentido de fazer com que as pessoas estejam dispostas a estar caminhando ali por uma hora e meia, ouvindo um guia que se dispõe a criar essa interação. E, para isso, preciso sempre estar aprimorando o formato do Guia Manezinho”, complementa. 

Assim, o jornalista procura maneiras de adaptar seus roteiros às oportunidades que Florianópolis oferece e às suas mudanças. “Por exemplo, um dos mais procurados é o Street Art Tour, que é voltado à arte urbana na Ilha da Magia. Esse roteiro vai se transformando com o tempo, porque alguns murais aparecem enquanto outros terminam. Também estou atento a causas sociais, então o Negros em Desterro é um roteiro que mostra uma cidade não apenas açoriana, que vai quase na contramão da visão europeia, e ele é muito importante para a compreensão da história manézinha”, afirma Stüpp.

Se atentar às demandas do público tem gerado resultados positivos, pois de acordo com o empresário, muitos clientes retornam para realizar outros roteiros. “Tem gente que já fez mais de 10 tours comigo, mesmo morando em Florianópolis”, diz. Perguntado sobre como ele conseguiu mobilizar as pessoas a irem até outra plataforma para avaliar o serviço, superando a barreira inicial da mudança e incentivando a avaliação, Rodrigo acredita que o relacionamento com o cliente é muito importante, e “há uma pré-comunicação. A minha taxa de retorno é acima de 70% dos roteiros. Então é criar uma sinergia, um relacionamento que começa on-line e, quando a pessoa for para um roteiro, ela já se sente muito conectada com o tour, despertando a certeza de querer vivenciar aquilo. Também, é necessário fazer uma excelente entrega, prestando atenção em detalhes que tu pode ser notado nos comentários, por exemplo, se o som está bom, se a narrativa é agradável e se gera alguma emoção”.

Ao fim do tour, todos recebem o link para avaliação e podem fazer comentários sobre a experiência e até enviar fotos registradas durante a participação do Guia Manezinho. “Acredito que, por ser um processo também coletivo, por permitir que as pessoas se expressem, tragam os seus pontos de vista, falem de suas emoções, acaba resultando em uma dedicação de todos, mesmo que por uns minutos. Tenho muitas avaliações no Google Business também, então, aparentemente, as pessoas estão realmente dedicadas a fazer isso por vontade delas”, declara.

Turismo e seus desafios

Um dos projetos mais ativos da Secretaria do Turismo de Santa Catarina é diminuir a sazonalidade do setor no estado e, para Rodrigo, esse movimento é importante para um maior leque de oportunidades. “Para um guia de turismo, uma cidade que ainda dedica muito de sua energia ao turismo de temporada, fecha muitas portas. Mas, há um trabalho sendo exercido por diversas entidades em promover o turismo o ano todo e essa mudança não é fácil, então, por exemplo quando o Governo lança a Estação Inverno e busca promover Santa Catarina de acordo com as estações, é um momento essencial e que demonstra um avanço na valorização do turismo”, diz Rodrigo. Ele declara acreditar que ainda há muito no que avançar quanto às barreiras de temporadas e que elas devem ser quebradas de maneira organizada. “Eu consigo entender que há pequenas mudanças durante o ano, e vou adaptando o meu trabalho de acordo com isso também. Por exemplo, fazer um roteiro às duas da tarde no inverno é diferente do que fazemos às duas da tarde no verão. É compreender que o cenário muda um pouquinho, e ter resiliência mesmo que em algum momento haja oscilação”, reitera. 

Além da quebra do turismo sazonal, visando turistas para todos os atrativos e épocas do ano, Santa Catarina também investe na diversidade e potencialidades de suas regiões turísticas. Nesse ponto, a atuação de microempreendedores, tais quais Stüpp, é essencial para “distribuir melhor a renda do turismo em ações específicas, por exemplo, para turismo de base comunitária ou experiências em turismo, a fim de diluir o fluxo turístico. Não vai ser um grandessíssimo público, mas vai dar consistência e frequência para qualquer atividade”, afirma o empresário. Ainda segundo Stüpp, o turismo pode ser mais aproveitado a partir do compartilhamento de boas práticas dentro do próprio setor, numa onda de associativismo orgânica que ajuda a escalonar outros destinos a partir de um modelo bem sucedido.

Como empresário, Rodrigo compreende a limitação de seu projeto, mas isso não impede que ele busque alternativas para fortalecê-lo. “Tenho clareza de que o Guia Manezinho, o Rodrigo, ele não é uma figura escalável, mas tenho percepção do valor de marca, já que tenho parceiros comerciais que percebem o valor disso e estão buscando algo realmente verdadeiro para conexão com o turismo”, esclarece. Mesmo tendo as redes sociais como um apoio para o Walking Tour em Florianópolis, Stüpp entende que a tecnologia não substitui a experiência de viver algo pessoalmente, “a tecnologia está o tempo todo aí, e ela não é concorrente e, sim, complementar. Não existe e não vai existir inteligência artificial que substitui vivenciar algo, ver uma paisagem pessoalmente. Não vai existir roteiro virtual que substitua isso, porque nós estamos falando de relações, pessoas, trocas, e isso ainda é insubstituível na cadeia do turismo. Eu espero que o meu trabalho se expanda no sentido de inspirar, treinar e preparar outros profissionais de Santa Catarina. É para isso que eu estou trabalhando agora”, finaliza o empresário do Guia Manezinho.

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